La música de Geraldo Vandré en "Canto Geral" se entiende dentro de un contexto social en aquella época en Brasil y potencia en su música el aspecto combativo y reivindicativo, convirtiéndose el disco en un curioso artefacto que combina ese aspecto de cantautor protesta capaz de recordar al folk centroeuropeo o al norteamericano, al mismo tiempo que los músicos que lo acompañan crean una curiosa instrumentación en torno a su voz para crear armonías que aunque parezcan tener raíces en otros compañeros como Veloso, mantiene un pulso rural e inclemente en sus composiciones que le confieren a este disco un aura propia, la del fin de la imagen ingenua de la generación tropicalista aunque hoy puedan rechinar, siempre es conveniente pensar en el contexto en el que se crea la obra. Un disco, sin duda alguna, tremendamente vibrante desde "Cantiga Brava", "Maria Rita", "O Plantador" y el bonus de "Pra nao Dizer que Nao Falei das Flores ". La ventisca enterrando pisadas.
"No dia 01 de abril de 1964 os militares instituíram uma ditadura no Brasil a partir de um golpe ao governo de João Goulart. Nesse período de repressão e censura, os festivais musicais televisivos passaram a ter grande audiência e os protestos contra a ditadura aconteciam através de metáforas nas músicas apresentadas. "Caminhando" (Pra não dizer que falei das flores), composta por Geraldo Vandré e apresentada no Festival de 1968, ficou em segundo lugar e virou um hino para os que defendiam a abertura política. A censura fez com que muitos se calassem e o Iê-Iê-Iê e as músicas psicodélicas ganharam força. Nesse cenário Geraldo Vandré foi o principal nome da música de cunho político no Brasil. Lançado no ano do AI-5, "Canto Geral" é um manifesto direto contra o regime ditatorial dos militares, com canções fortes e que tratam de liberdade, opressão, luta de classes e da questão agrária. Músicas como Terra Plana, Cantiga Brava, O Plantador, Arueira e Guerrilheira exemplificam bem isso e fazem de "Canto Geral" uma importante obra para compreensão desse período histórico.
Após o exílio, Geraldo Vandré passou a viver no isolamento e não se apresentou publicamente no Brasil. Em uma recente entrevista declarou que não existe espaço para sua música na cultura massificada que é feita hoje."
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